Não sei explicar

Quando sorri, aperta os olhinhos. Brilham incrivelmente mais quando apertados pelas maçãs redondas e belas. Ofuscam docemente tudo o mais com uma fulminante clareza de alma; límpida, brilhante. Luz que percorre corpo e lógica, desvendando absolutamente tudo; toca a fé. Lançado o encanto, entrega-se ao conforto dos comovidos braços e coração abertos. Súbito, por entre os cílios longos, a luz desaparece ao abraço. Perene, irradia então ternura em calor que arde o peito; machuca a existência. Putz grila.

Gilberto Gil - (2006) Gil Luminoso




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